Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

quarta-feira, 4 de junho de 2014

VAI TER COPA!


Adoro Copas do Mundo. Quando acaba uma, fico esperando a próxima. Lembro bem de todas, da raiva de 1978, da frustração de 82 e da euforia de 94. Do timinho de 90, da perplexidade da final com a França e da alegria de 2002.
Como cidadão, como torcedor, e principalmente como servidor público envolvido diretamente no evento, não aceito este baixo astral logo quando é no Brasil.
Falam que se gastou muito dinheiro com a Copa. Mas comparado com o que?
Em 2013 foi pago de tributos no Brasil o valor de 1.702 bilhões de reais (federal, estadual e municipal). Os Estádios custaram 8 bilhões, aproximadamente 0,5% deste valor. Se dividir pelos 4 anos que levaram para ser construídos dá 0,12% por ano. A última Copa aqui foi em 1950. Será que o Brasil é tão pobre que não pode gastar este valor a cada 64 anos?
Na Copa de 50 também se reclamou do custo do Maracanã. É bom destacar que o velho Maracanã durou mais de 60 anos(!), até ser reformado. Ele se pagou ao longo do tempo. Ainda mais que não estão sendo construídos estádios de futebol, e sim Arenas multiuso, que servem para shows e inúmeros eventos.
O Brasil é o maior beneficiário das Copas do Mundo. Seu futebol projetou uma imagem positiva para o mundo e benéfica aos brasileiros. É o único país que foi a todas. Foi quem mais ganhou títulos. Foi quem mais se emocionou e se divertiu. Não pode fugir de suas responsabilidades. Não pode fingir que é um país pobre, tendo o 7º PIB do mundo. Não pode se comportar como um país “mala”, que vai a todas as festas nas casas dos outros, mas não oferece nenhuma em sua própria casa.
A Rússia gastou o equivalente a R$ 110 bilhões com os Jogos Olímpicos de Inverno, em Socchi. Evento que ocorreu em 1 cidade e sua estação de inverno, durou 15 dias e movimentou público e mídia incomparavelmente menor que uma Copa do Mundo.
Como comparação, além das despesas com as Arenas, o Brasil gastou R$ 8 bilhões com Mobilidade urbana e R$ 7 bilhões com aeroportos e portos. Obras necessárias e que ficam. O resto dos gastos é compatível com o que normalmente se gasta em eventos festivos, tais como Carnaval e Reveillon, e ainda em eventos internacionais, tipo Rio + 20 e Jornada Mundial da Juventude com o Papa.
A próxima Copa do Mundo, de 2018, será na Rússia, e a de 2022 no Catar. Ou seja, já tem 2 interessados. Será tão ruim assim realizar uma Copa do Mundo? Aliás, outra razão para a grande expectativa mundial com a Copa no Brasil, além de ser o país do futebol, é o fato das próximas Copas serem na Rússia e Catar. 9 em cada 10 terráqueos preferem vir ao Brasil do que ir para estes países.
As pessoas fazem escolhas, países também. Uns preferem fazer grandes festas: de casamento, de 15 anos, de formatura. Outros acham que não valem a pena, e preferem gastar o dinheiro em uma viagem ou comprando coisas.
Uma vez que se optou por fazer uma festa, convidar muita gente e gastar muito dinheiro, o que não tem sentido é estragá-la. É chegar o parente chato e discutir problemas de família, arrumar brigas e confusões, maltratar os convidados e acabar com a festa. Já que estamos em uma festa, já pagamos por ela, devemos celebrá-la. Problemas devem ser tratados, mas no momento oportuno.
Roupa suja se lava em casa. Receberemos mais de 20 mil jornalistas, de 180 países. Não há vantagem em discutir nossos problemas durante a Copa, com a presença da mídia estrangeira, dos turistas e governantes. Teremos tempo suficiente para isto a partir de 14 de julho até 26 de outubro. Compartilho a insatisfação com os governos. Corrupção, incompetência, etc. Mas os governos passam. Não convém misturar Copa com disputa eleitoral. A Copa é do país.
Cabe destacar que primeiro um país vende sua imagem e sua cultura, para depois vender seus produtos e serviços. As pessoas viajam ao exterior e pagam caro por um boneco de camundongo porque é o Mickey, ou numa vassoura porque é do Harry Potter.
A Copa é um evento que dá retorno. Pode ser muito ou pouco, positivo ou negativo.
A melhor opção que temos é fazer a melhor festa possível (somos bons nisso), tratar bem os turistas, mostrar o lado bom do Brasil, disfarçar a bagunça, para que o retorno da Copa seja benéfico ao povo brasileiro.

Estevão de Oliveira Júnior