Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

sexta-feira, 20 de abril de 2012

PORQUE ESCREVO...



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Vinha eu caminhando pela imensa avenida, a passos largos, sob o sol escaldante do meio dia, quando o texto, subitamente, começou a se formar em minha mente. Tentei afastar o pensamento, pois aquela não era uma hora apropriada para me deixar tocar pela inspiração. Todavia, ele se fazia mais nítido, e as frases e orações iam se sucedendo, e se encaixando no contexto: parecia que jorravam de uma fonte, e eu não conseguia estancar.

Fiquei pensando: Que sede insaciável de escrever! Quando estou alegre, triste, animada, desiludida, agradecida, realizada: escrevo. Tudo me instiga a escrever, como se o fato de deixar solto um episódio, fizesse-o desaparecer da minha história.
Estou sempre antenada, de mente aguçada, à procura de inspiração. E inspira-me, a beleza, tanto quanto a indignação, a injustiça, o espanto, o por vir...

Entendo que escrever é uma arte, ou um dom, vez que como todo e qualquer artista, vamos modelando nosso pensamento, plasmando nosso trabalho, pincelando com carinho, com cuidado, juntando letras, sílabas e palavras, formando orações, parágrafos, textos, até formar a obra, singular, que deixa transparecer um pouco de tudo que somos interiormente.

Nos desnudamos, e deixamos entrever as nuances, ora intensas, ora anuviadas, e através deles, dos nossos artigos, retratamos a nossa alma.

Doce vício, o de escrever! Desde a mais tenra idade aponho no papel as minhas aflições, os meus desesperos, as minhas utopias, na esperança de que ao vê-los registrados, eles se transformem em suaves momentos de paz, de realizações, de topias...

Talvez os meus singelos escritos, não tenham esse poder transformador, que não transformem nada, mas, são bálsamos para o meu eu interior, e me fazem desabrochar, e aflorar para a vida.

Escrevendo, me imponho, me faço presente, participante, grito contra as injustiças, as desigualdades, a dureza dos corações, e ressalto a nobreza da vida, e da natureza, e testemunho a minha fé.

A vida é minha grande fonte, por isso sou tão insaciável, pois, quanto mais escrevo, mais ela me mostra o quanto tenho ainda que aprender, escrevendo. Canto à vida, à sabedoria, ao amor, na esperança de me preencher, mas, é grande a minha sede, e inesgotável o poço do conhecimento.

Parece que carrego na alma uma lacuna maior que o mundo, ou que carrego o próprio mundo dentro de mim... Alço vôos imensuráveis pelo grande infinito, na esperança de me sentir plena, mas, cada dia apercebe-me de que, como o espaço, também sou infinita, de possibilidades...

Somente escrevendo, alivio esta inquietude, esta vontade de abarcar o mundo, de querer entendê-lo.

Há momentos em que me sinto um grão de areia, uma pluma que flutua nas asas do vento, entanto, a voz que me fala do interior, me garante que carrego comigo a perfeição, a coroa da criação, a obra prima de Deus.

Sou, portanto, filha de Deus, filha do Universo... Irmã das florestas, da passarada, dos mananciais... Sou transcendental! Por isso, essa sede insaciável de infinito, que só se suaviza, quando escrevo, dado que exteriorizo as minhas múltiplas e complexas aspirações.

Por Socorro Melo

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A CRIAÇÃO



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A CRIAÇÃO

A Mulher e o Homem sonhavam

que Deus estava sonhando.

Deus os sonhava enquanto cantava e agitava seus maracás, envolvido em fumaça de tabaco. E se sentia feliz,

e também estremecendo pela dúvida e pelo mistério. Os índios Makiritare sabem que, se Deus sonha com

comida, frutifica e dá de comer.

Se Deus sonha com a vida, nasce e dá de nascer.

A Mulher e o Homem sonhavam

que no sonho de Deus aparecia um grande ovo brilhante.

Dentro do ovo, eles cantavam, e dançavam

e faziam um grande alvoroço, porque estavam loucos de vontade de nascer.

Sonhavam que no sonho de Deus a alegria era mais forte que a dúvida e o mistério,

e Deus sonhando os criava, e cantando dizia:

- Quero este ovo, e nasce a Mulher, e nasce o Homem, e juntos viverão e morrerão.

Mas nascerão novamente.

Nascerão e tornarão a morrer, e outra vez nascerão.

E nunca deixarão de nascer, porque a morte é uma mentira.

Eduardo Galeano

segunda-feira, 16 de abril de 2012

BLOGAGEM COLETIVA - AMOR AOS PEDAÇOS - DESENCANTO



Quando ele cruzou o limiar da porta, e o vi pelas costas, levando consigo os meus sonhos de um amor ideal, minhas esperanças de uma vida perfeita, minhas ilusões, desmoronei. O chão abriu-se sob os meus pés, e me senti tragada. Estava tudo acabado.

A desilusão fechou-me as portas da alegria, e da vontade de viver, e abriu-se uma torrente de lágrimas. Eu mal conseguia acreditar que pudesse ser verdade, tudo o que estava me acontecendo. Por vezes fechava os olhos, na esperança de ao acordar, constatar que tudo não passava de um terrível pesadelo... Mas, não era.

A vida perdera as cores, tudo me parecia cinzento, sem sentido. Desaparecera o brilho dos meus olhos, e eu já não ouvia a música suave que cantava o meu coração.

Desmoronei. Que dor lancinante! Nunca imaginei que o desespero causasse uma dor tão doída e tão profunda...

De angústia e tristeza foram pincelados os meus dias. E o meu coração inconsolável, gemia, inconformado pela perda, e pela saudade incontida.

Tudo em que acreditei, tudo o que investi, tudo que mais amei, se dissipava da minha vida como fumaça ao vento.

Caí, me prostrei. Expus as feridas da minha alma. Deixei me conduzir pela solidão. Debati-me à procura de veredas, de caminhos amenos, porém, nada aplacava a minha dor. Por momentos tornei-me fria, insensível, para logo depois, tatear a procura de esperanças, e de paz interior.

Sofri horrores, por dias que pareceram sem fim. E me permitir ficar assim, até me esvaziar por completo de toda dor, e perceber que a vida é mais que o desengano.

Mas aprendi, às duras penas, e o desengano me fez compreender, que a vida é tecida na imprevisibilidade, por pessoas falíveis, com qualidades e defeitos, e que, portanto, está sujeita aos desencontros, e desencantos.


DESENCANTO

Já trilhei tantos caminhos
E senti tanta emoção
Já chorei os meus pesares
E sofri desilusão.

Resolvi mudar o rumo...
Usar mais minha razão...
Esquecer que tive sonhos,
E plantar os pés no chão.

Mas, sem sonho não se vive:
A vida pede paixão...
Dei uma chance ao amor

Uma vez mais... Desencanto!
Coração sangrando tanto...
Que faço com essa dor?

Por Socorro Melo

Bloglagem coletiva proposta pelas amigas Rute, Rosélia, Regina e Rosa (Luma).



Infelizmente não pude participar no dia de ontem, 15 de abril, mas, aqui estou hoje, com grande satisfação, apresentando minha singela contribuição.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

HAIKAI


Em águas profundas
As ondas balançam
e meu peito se inunda



Murmura o vento
Que terno arrepio
Oh triste lamento!


No espaço infinito
Passeiam as nuvens
Que quadro bonito!



A branca neblina
Ressalta a beleza
Na tez da menina




Em tons de dourado
Caem as folhas
Do outono esperado



Por Socorro Melo


Imagens do Google

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O MESTE QUE SERVE



Imagem do Google

Meu amigo, meu irmão...

Aprendamos com Jesus, os mais belos exemplos de humildade e de serviço que a humanidade já viu.
Que aproveitemos esse tríduo pascal para refletir sobre o sofrimento, mas, especialmente sobre a vitória de Jesus sobre a morte.
E que tenhamos esperança na vida eterna... Ele nos prometeu. Façamos a nossa parte.


Evangelho Jo 13,1-15


Faltava somente um dia para a Festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a hora de deixar este mundo e ir para o Pai. Ele sempre havia amado os seus que estavam neste mundo e os amou até o fim. Jesus e os seus discípulos estavam jantando. O Diabo já havia posto na cabeça de Judas, filho de Simão Iscariotes, a idéia de trair Jesus. Jesus sabia que o Pai lhe tinha dado todo o poder. E sabia também que tinha vindo de Deus e ia para Deus. Então se levantou, tirou a sua capa, pegou uma toalha e amarrou na cintura. Em seguida pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Quando chegou perto de Simão Pedro, este lhe perguntou: - Vai lavar os meus pés, Senhor? Jesus respondeu: - Agora você não entende o que estou fazendo, porém mais tarde vai entender! - O senhor nunca lavará os meus pés! - disse Pedro.- Se eu não lavar, você não será mais meu discípulo! - respondeu Jesus. - Então, Senhor, não lave somente os meus pés; lave também as minhas mãos e a minha cabeça! - pediu Simão Pedro. Aí Jesus disse: - Quem já tomou banho está completamente limpo e precisa lavar somente os pés. Vocês todos estão limpos, isto é, todos menos um. Jesus sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: "Todos menos um." Depois de lavar os pés dos seus discípulos, Jesus vestiu de novo a capa, sentou-se outra vez à mesa e perguntou: - Vocês entenderam o que eu fiz? Vocês me chamam de "Mestre" e de "Senhor" e têm razão, pois eu sou mesmo. Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros. Pois eu dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz.


Feliz Páscoa, meu irmão!


quarta-feira, 4 de abril de 2012

MINHA HEROÍNA


Feliz Aniversário, mãe!


MINHA HEROÍNA

Eis aqui minha heroína
Mulher de caráter exemplar
Que desde bem pequenina
Aprendeu a se doar
E com grande disciplina
Soube bem nos educar

É pacata, e comedida...
E preza pelo respeito
Nos ensinou que na vida
Devemos andar direito
E abraçar nossa lida
Para tirar bom proveito

De suas mãos generosas
Que se abrem para o bem
Em atitudes caridosas
Repartindo o que se tem
Deu lições maravilhosas
E nunca excluiu ninguém

Passou por dificuldades
E foram tantas na vida
Mas com sua integridade
Nunca se deu por vencida
E toda a adversidade
Com muita fé foi suprida

A sua maior lição
É sem dúvida de humildade
Seguida de compaixão
Bem como de honestidade
E é feito o seu coração
De terna simplicidade

Obrigada, mãe querida!
Pelo seu rico legado
Com certeza és preferida
Por muito teres amado
Que Deus dê-lhe longa vida
Pra ficar do nosso lado.

Por Socorro Melo


Neste dia do seu aniversário, prestamos a nossa homenagem, elevando a Deus nossas preces, para que conceda-lhe graça e paz, saúde, e alegria perfeita.

Da sua família que muito a ama.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

BOAS VINDAS E POESIA


Agradeço aos novos seguidores (abaixo relacionados), e aos antigos também (que não vou relacionar, por serem muitos) por prestigiarem este espaço, pois, sem vocês, que graça teria? É um honra recebê-los aqui. Voltem sempre!

Agapeporvoce
Marcia
Ong Alerta
O meu pensamento viaja
Claudio poeta
Marcela
Felipa
Imaculada
Roselia Reis
Élio Monteiro
Elaine Averbuch
AnyMery
Edna
Emiliana Vaz

Deixo-lhes um poema do Carlos Drummond de Andrade, para reflexão.

O Novo Homem


O homem será feito
em laboratório.
Será tão perfeito como no antigório.
Rirá como gente,
beberá cerveja
deliciadamente.
Caçará narceja
e bicho do mato.
Jogará no bicho,
tirará retrato
com o maior capricho.
Usará bermuda
e gola roulée.
Queimará arruda
indo ao canjerê,
e do não-objecto
fará escultura.
Será neoconcreto
se houver censura.
Ganhará dinheiro
e muitos diplomas,
fino cavalheiro
em noventa idiomas.
Chegará a Marte
em seu cavalinho
de ir a toda parte
mesmo sem caminho.
O homem será feito
em laboratório
muito mais perfeito
do que no antigório.
Dispensa-se amor,
ternura ou desejo.
Seja como for
(até num bocejo)
salta da retorta
um senhor garoto.
Vai abrindo a porta
com riso maroto:
«Nove meses, eu?
Nem nove minutos.»
Quem já concebeu
melhores produtos?
A dor não preside
sua gestação.
Seu nascer elide
o sonho e a aflição.
Nascerá bonito?
Corpo bem talhado?
Claro: não é mito,
é planificado.
Nele, tudo exacto,
medido, bem posto:
o justo formato,
o standard do rosto.
Duzentos modelos,
todos atraentes.
(Escolher, ao vê-los,
nossos descendentes.)
Quer um sábio? Peça.
Ministro? Encomende.
Uma ficha impressa
a todos atende.
Perdão: acabou-se
a época dos pais.
Quem comia doce
já não come mais.
Não chame de filho
este ser diverso
que pisa o ladrilho
de outro universo.
Sua independência
é total: sem marca
de família, vence
a lei do patriarca.
Liberto da herança
de sangue ou de afecto,
desconhece a aliança
de avô com seu neto.
Pai: macromolécula;
mãe: tubo de ensaio,
e, per omnia secula,
livre, papagaio, sem memória e sexo,
feliz, por que não?
pois rompeu o nexo
da velha Criação,
eis que o homem feito
em laboratório
sem qualquer defeito
como no antigório,
acabou com o Homem.
Bem feito.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Versiprosa'